O termo téchne também significa fabricar, produzir, fazer ou construir, principalmente coisas materiais, através do trabalho ou da arte, como também causar fenômenos naturais, ações ou eventos. (KOERICH et al, 2006).
No que concernem as tecnologias em saúde, existem três classificações: leves (acolhimento, comunicação); leve-duras(saberes estruturados como a parte clinica e epidemiológica); e as duras(monitores, CPAP, oximetros, enfim todos os devices utilizados).
(...) a tecnologia incorpora o desejo de influenciar o mundo em torno de nós. De forma tradicional a tecnologia se manifesta como objetos e recursos antigos e atuais que têm a finalidade de aumentar e melhorar o tratamento e o cuidado por meio da prática em saúde. Também se manifesta na forma de conhecimentos e habilidades em saúde associadas com o uso e a aplicação dos recursos e objetos que os profissionais mantêm e acessam sob uma base diária e progressiva. (MARTINS E DAL SASSO, 2007).
Segundo, Koerich et al (2006): Como profissionais comprometidos com o cuidado, faz-se necessário construir uma relação com o ser humano atendido por nós, usando múltiplas opções tecnológicas para enfrentar os diferentes problemas de saúde.
A tecnologia revela a maneira como as pessoas lidam com a natureza e cria as condições de intercurso com as quais nos relacionamos uns com os outros. As novas tecnologias, presentes nos momentos da vida das pessoas alteram a estrutura de seus interesses, ou seja, as coisas sobre as quais se pensa; alteram o caráter dos símbolos, isto é, as coisas com que pensamos e alteram, porque não dizer, a natureza da comunidade, ou seja, a arena na qual os pensamentos se desenvolvem. Portanto, é também um erro definir a tecnologia apenas como instrumentos e técnicas ou associá-la a compreensão de superioridade, especialização e profissionalismo. (MARTINS E DAL SASSO, 2007).
A mudança do modelo assistencial pressupõe impactar o núcleo do cuidado, compondo uma hegemonia do Trabalho Vivo sobre o Trabalho Morto quando então se caracteriza uma Transição Tecnológica, que no conceito aqui trabalhado, significa a produção da saúde, com base nas tecnologias leves, relacionais, e a produção do cuidado de forma integralizada, operando em “linhas de cuidado” por toda extensão dos serviços de saúde, centrado nas necessidades dos usuários. (MERHY & FRANCO, 2003).
Como defende Bergold e Alvim (2009) é importante que novas tecnologias sejam desenvolvidas para sustentar uma assistência à saúde mais humanizada no ambiente hospitalar. Segundo Koerich et al(2006) as tecnologias consideradas indispensáveis na prática são as relacionais, as interativas e as comunicativas.
O grande compromisso e desafio de quem gerencia o cuidado é o de utilizar as relações enquanto tecnologia, no sentido de edificar um cotidiano, por intermédio da construção mútua entre os sujeitos. E, através dessas mesmas relações, dar sustentação à satisfação das necessidades dos indivíduos e os valorizar (trabalhadores e usuários) como potentes para intervirem na concretização do cuidado. (ROSSI & LIMA, 2005).
A tecnologia tem três camadas de significado: a de objetos físicos tais como instrumentos, maquinário, matéria; a de uma forma de conhecimento, na qual significa que é concebido para um objeto através de nosso conhecimento de como usá-lo, repará-lo, projetá-lo e produzi-lo e, ainda, formando parte de um conjunto complexo de atividades humanas. Deve ser compreendida como a criação de um fenômeno, pois transcende a simples definição de maquinário. Diante deste cenário complexo é preciso refletir: Como a enfermagem tem se posicionado? Que caminhos poderiam ser construtivos para a saúde, no sentido de aproveitar as oportunidades que ora se apresentam e interagir, produzir e gerenciar tecnologias aplicadas ao campo de atuação profissional?(MARTINS E DAL SASSO, 2007).
REFERÊNCIAS:
KOERICH, M.S. et al. Tecnologias de cuidado em saúde e enfermagem e suas perspectivas filosóficas. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2006; 15 (Esp): 178-85.
MERHY, E.E.; FRANCO, T.B. Por uma Composição Técnica do Trabalho Centrada nas Tecnologias Leves e no Campo Relacional. in Saúde em Debate, Ano XXVII, v.27, N. 65, Rio de Janeiro, Set/Dez, 2003.
ROSSI, F.R; LIMA, M.A.D.S. Acolhimento: tecnologia leve nos processos gerenciais do enfermeiro. Rev. bras. enferm. vol.58 no.3 Brasília May/June 2005.
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